Sejam bem-vindos ao WeRgeeks Convida, um espaço criado para que nossos amigos, leitores e ouvintes também possam participar do blog e deixar posts com seus pontos de vista sobre o universo geek. O convidado de hoje é o querido amigo Marcelo Salgado, gênio da edição de podcasts, especialista em mídias sociais, criador do Cumê Camão e do PodCumê.
É um prazer imenso para nós receber a contribuição do Salgado, por isso, gostaríamos que lessem esse texto fodástico com o mesmo carinho que lemos quando recebemos ele por e-mail. Salgadinho, valeu mesmo rapá! ;D
XOXO MÍDIA = SOCIAL SOCIAL
E aí geekera véia, tudo bem? É uma honra participar aqui do WeRgeeks Convida.
Igual a quase todos vocês, eu sou um geek. Talvez eu não seja lá um heavy geek, como meus amigos Tato e Maury, mas gosto desse mundo e sempre me pego sonhando com o próximo device inalcançável.
Por isso, não vou me arriscar a falar aqui de gadgets. Os donos do blog são os melhores nisso. Então vou falar algo mais da minha praia, o meu ganha-pão: a Social Mídia. Ou Xoxo Mídia, como #todosbrinca.
Quero falar mais especificamente dessa conexão que eu, você, Tato, Maury, Fred, e a galera toda fazemos todos os dias. Quero falar de bons encontros, de afeto e de diamantes. Mas, hein?!
Talvez seja melhor antes apresentá-los um pesquisador chamado Nicholas Christakis. Ele é um cientista social da Universidade de Harvard que estuda a dinâmica das redes. Baseado em longas pesquisas e mapeamentos sociais, Christakis diz em seu livro Connected (O Poder das Conexões), em parceria com James Fowler, que pessoas influenciam pessoas mais do que pensamos.
Ele estudou a obesidade em uma determinada rede de pessoas e percebeu que se você tem um amigo obeso, tem 45% de chance de ser obeso também. Se você é amigo do amigo do obeso, tem 25% de chance de ser obeso. E, pasmem, se você é amigo do amigo do amigo do obeso, ainda tem 10% de chance de ser da equipe de Papo de Gordo.
Há várias hipóteses para isso, mas o mais importante é que isso acontece em função da organização em rede. Uma pessoa influenciando a outra, nesse caso influenciando no estilo de vida (em uma das hipóteses).
Christakis também estudou pessoas felizes e pessoas tristes em outra rede e concluiu que, ao longo dos anos, pessoas tristes foram ficando mais à margem e pessoas felizes se conectavam mais. Isso é meio óbvio, não? A sua família, por exemplo, expurgava do convívio pessoas que faziam mal, não é, leitor?
O que há de novo nisso é a amplitude e a percepção de que a rede funciona como uma coisa viva. Se um ou mais pontos sumissem da rede (como uma pessoa que faleceu, por exemplo), esse processo de concentração e a própria rede continuariam. Ou seja, a conexão é mais importante do que os pontos da rede. E isso tem um motivo.
Você é leitor e eu um blogueiro, certo? Depende. Assim que você terminar de ler esse texto você vai ser filho, marido, irmão, aluno, analista, técnico, padre, sei lá eu. Você não será mais o leitor. E eu não serei mais o blogueiro. Serei bancário, marido, xoxomídia, o que vier primeiro. O que isso quer dizer? Que os indivíduos só são algo quando inseridos numa relação. E o que é a relação? Conexão. Bingo!
Se só existimos de fato numa relação, são as relações que nos definem. E se as relações ou conexões que fazemos nos definem, faz sentido querermos ter bons encontros. Bons encontros nos fortalecem, nos fazem melhores. Então se você lê este texto e curte ou tem uma ótima sacada que vai além das idéias aqui expostas, a nossa conexão se fortalece e nós também, por consequência. Numa viajada mais filosófica, tem uma questão de afeto envolvida aqui. A busca por completude. Mas isso fica para um outro dia.
As tecnologias possíveis baseadas na famigerada Web 2.0 permitiram que as redes se ampliassem, rompessem barreiras físicas e até sociais. Falando em social…
A não menos falada Social Media nasceu de todo esse caldo. O problema é que passou a ser vendida como a nova panacéia geral, como uma nova forma de organização. Mídias sociais são a bola da vez em campanhas publicitárias, programas de tevê e no mundo corporativo. E eu também acho que devem ser. Mas não se deve esquecer do que conversamos aqui: do social. Das pessoas. Das conexões. Isso que eu, você, Tato, Maury e Fred temos entre nós. #significa
Isso que fazemos aqui, em podcasts, em blogs, no Twitter, no Facebook, etc, é muito menos mídia e muito mais social, porque é feito por pessoas. É rede.
Quando falamos de rede, podemos falar também de redes de moléculas. Christakis aborda isso e compara o grafite ao diamante. Ambos são compostos por moléculas de carbono. A diferença entre um e outro está justamente nas conexões entre elas. No caso do carbono, a densidade das conexões é muito menor e como consequência temos um produto mais frágil. Já no diamante, as conexões são maiores e mais fortes. Como resultado temos o material mais belo e inquebrável do planeta.
Precisamos de mais conexão. Cada vez mais. Mais conexões nos trazem mais bons encontros, nos completam, nos tornam mais sociais. Social social é a essência disso tudo. Podemos mudar o mundo? Não sei. Isso é bem audacioso. Mas certamente, quanto menos grafite e mais diamante, estaremos mais perto de começar.