Bem-vindo aos retro-reviews. Estes textos têm como objetivo sugerir games recentes, mas não muito recentes, que acreditamos que você deva jogar. E como estão no mercado há algum tempo você já deve ter um ambiente que os suporte e deve encontrá-los a preços bem mais acessíveis que os lançamentos. Divirta-se e deixe suas impressões depois de jogá-los.
Um sonho corrompido
Utopia, o sonho irrealizável. A própria definição da palavra é desestimulante pois a situação ideal é imaginária, não pode ser alcançada. E se alguém conseguisse? E se alguém fosse mesmo capaz de criar uma ambiente onde tudo fosse perfeito? O problema está exatamente em definir o que é perfeito. Pessoas são seres complexos demais, únicos demais para que um grupo compartilhe uma definição de perfeição e por isso cada pequeno aspecto pode gerar conflito, seja ele imediato ou não. Como já descrito por Orwell e Huxley a antiutopia, ou distopia, é o mais provável resultado da tentativa de mundo ideal.
Partes de um todo
Você é Jack, passageiro de um voo que acaba em desastre. Após a queda você está no meio do Oceano Atlântico e a única estrutura próxima é um farol, pra onde você se encaminha e encontra uma câmara de profundidade, a única opção para sair daquele pequeno ambiente. Ao ativá-la você é levado a uma inacreditável cidade subterrânea, Rapture, uma maravilha da engenharia que parece tão incrível quanto surreal. Em outra surpresa você é chamado por um pequeno rádio que encontra na câmara, um homem chamado Atlas se dispõe a ajudá-lo desde que você o ajude a salvar sua família e aqui começa o jogo.
Objetivo: sobreviver
O clima é de um Survival Horror, você está em um ambiente desconhecido, cercado por criaturas hostis, com poucos recursos e apenas uma voz estranha saindo de um rádio te guiando rumo ao incerto. E quando você percebe o quão maravilhoso é este ambiente, numa mistura de art deco e steampunk, você é levado a um nível ainda maior de desespero pois não pode dar-se o luxo de admirá-lo, uma imersão magistral.
Em pouco tempo você é apresentado a sua primeira arma, uma chave-inglesa (com direito a uma pequena homenagem) e percebe que está em um FPS. Outras armas virão, entre elas um revolver, uma espingarda e um lança-granadas, elementos de um FPS típico. Além das armas você é forçado a desenvolver novas habilidades, como congelar ou queimar seus inimigos, as plasmids, que poderão ser melhoradas com o passar do jogo, assim como as armas, dando a este elementos fortíssimos de RPG. E para usar as plasmids você precisa de EVE.
Mas você não é o único em busca de EVE, splicers querem isso ainda mais do que você e a melhor maneira de obtê-lo são as Little Sisters, pequenas criaturas semelhantes a meninas que são capazes de extrair, armazenar ADAM de splicers mortos e transformá-lo em EVE. Só que cada Little Sister tem seu protetor, um Big Daddy, e é com este sujeito que você precisa se preocupar. Inicialmente indiferentes a você estes gigantescos tanques se tornam mortalmente agressivos caso suas pequenas protegidas sejam atacadas ou eles diretamente. Cabe ao jogador decidir como deve lidar com cada situação, com splicers, Sisters e Daddies a sua volta, além dos mecanismos de defesa de Rapture, como sentry guns e alarmes.
Pilares robustos
O que faz BioShock tão espetacular são seus personagens. Jack e Atlas têm sempre um clima de urgência e desespero, Ryan, Tenenbaum e Fontaine formam o triunvirato responsável pela realização do sonho e o maior de todos os personagens te leva além dos limites que você se achava capaz, Rapture. Cada um deles, ao lado de artes gráfica e sonora espetaculares vão te levar a uma experiência incomparável e imperdível, uma perfeita simbiose de RPG, FPS e Survival Horror.
Você poderia gentilmente jogar BioShock?